quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Será que um tapinha não dói?

   Olá a todos!
   Quem não ouviu um hit chamado "Um tapinha não dói" que infestou o país há uns anos atrás? Pois é, o tema de hoje é bem sugestivo para aqueles pais que buscam seus filhos na escola, colocam-los no banco de trás e, diante de uma briga dos filhos, gira o braço para trás e dá aquele famoso tapinha para sossegar as ferinhas.
   Hoje falarei a respeito de uma situação que me deparei em atendimento clínico a uma paciente, de 37 anos, mãe de dois filhos, onde a mesma chegou ao consultório relatando formigamento em todo o membro superior direito, principalmente nos dedos indicador, médio e anelar.
   Durante a avaliação a paciente relatou a situação que descrevi no início do artigo. Automaticamente, como todo osteopata, imaginei a cena e rapidamente visualizei o problema. Eu explico como.
   A articulação do ombro é formada por 3 ossos: a escápula, que localiza-se nas costas e que antigamente era chamada de omoplata; a clavícula, que localiza-se entre o pescoço e o ombro; e o úmero, que é o osso que liga nosso braço ao tronco.
Articulação do ombro com plexo braquial
passando à frente do úmero.
   O úmero possui uma cabeça arredondada que se encaixa (e grave bem isso -"encaixa"- pois falaremos adiante a respeito) em um "buraco" da escápula, chamado cavidade glenóide, e a cabeça é mantida dentro dessa cavidade por diversos ligamentos (entenda que ligamentos são cordões resistentes e inelásticos que unem e estabilizam os ossos em uma articulação). Ainda pela articulação do ombro, na região anterior, passam os nervos (plexo braquial) que saem do pescoço e inervam todo o nosso braço, como podemos ver na figura ao lado.
   Lembra que eu pedi para gravar a palavra "encaixa"? Pois bem, como eu disse, toda articulação do nosso corpo trabalha com "encaixes" e tudo que encaixa também se desencaixa. Quando ocorre o desencaixe de um osso de uma articulação cria-se uma situação chamada de luxação e esta luxação pode ser de grande proporção (macroluxação - tratada pelo médico) ou pequena proporção (microluxação - tratada por osteopatas) . No caso relatado no início do artigo, o que a paciente teve foi uma microluxação para a frente da cabeça do úmero em relação à cavidade glenóide. Provavelmente isso decorreu do impacto da mão dela contra os filhos. Como a cabeça do úmero veio para frente com o impacto, os nervos que passam à sua frente foram comprimidos e isso causou um processo inflamatório deles com dor irradiada por todo o braço.
   Diante disso, qual foi o tratamento? Simples: manipular a cabeça do úmero para trás, descomprimindo os nervos do plexo braquial e aguardar por alguns poucos dias a desinflamação dos nervos e a volta ao normal de todo o segmento. Após 10 dias a paciente retornou ao consultório e já não apresentava mais sinais de formigamento tampouco inflamação.



   Bom meus amigos(as), com isso vemos que um tapinha pode não doer em que recebe mas pode doer sim em quem o dá!

  Um forte abraço, saúde, sucesso para todos(as) e até o próximo artigo!